Matisse

 

Ele tinha um gosto por cores vivas e expressivas. Fazia recortes precisos e originais. Era apaixonado por tecidos e estampas. Estamos falando de algum designer contemporâneo? Nada disso. Essas são algumas das características do notável artista francês do século XX, Henri Matisse. Sua obra inclui pinturas, desenhos, estampas, esculturas, artes gráficas, além de recortes de papel e ilustração de livros. Seus temas eram diversificados e mostravam paisagens, naturezas-mortas, retratos, interiores domésticos e de ateliês. A figura feminina também estava particularmente presente nas suas telas. 

Neto e bisneto de tecelões, Matisse (1869-1954) nasceu em uma cidade do norte da França. Quando jovem, abandonou a faculdade de Direito para entrar na Escola de Belas-Artes, contrariando a vontade de seu pai. Ele tinha um encanto tão grande pelos tecidos que, em suas pinturas, suas musas sempre usavam echarpes, cachecóis e lenços estampados. A estampa Toile de Jouy, sua favorita, aparece inúmeras vezes como pano de fundo dos seus quadros.

O fauve e a moda

Exibidas pela primeira vez em Paris em 1905, as pinturas fauvistas chocaram os visitantes do Salão anual d’Automne. Um desses visitantes foi o crítico Louis Vauxcelles, que, por causa da irreverência das obras apresentadas, apelidou os pintores de fauves (bestas selvagens). Os Fauves libertaram os artistas de todas e quaisquer inibições ou convenções no uso da cor. Matisse emergiu como o líder do grupo e acabou por influenciar um século de pintores, designers de moda e têxteis, alcançando status de culto no mundo da arte.

Os pedaços de pano e roupa pelos quais ele se apaixonou e colecionou ao longo dos anos estão presentes em muitas de suas pinturas. O tesouro de Matisse incluía fragmentos de tapeçaria, xales espanhóis, esteiras de oração argelinas e tapetes persas. Os padrões de papel de parede, as estampas de tecido, os desenhos de estofados, os arabescos orientais, o torneado de uma cadeira, o aveludado de uma almofada, tudo isso era tratado com destaque pelo artista. 

Matisse também colecionava objetos que trazia das suas viagens. Assim criou sua Biblioteca de Trabalho,  como costumava chamar. Tanto era seu fascínio por tecidos e cores que na sua casa em Vence, no sul da França, as paredes eram forradas com uma trama de ráfia conhecida como veludo africano da tribo dos Kubas.

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Recortes de papel: uma segunda vida

Em 1941, Matisse foi diagnosticado com câncer e, após uma cirurgia imprevisível, ele ficou quase sempre preso a uma cadeira de rodas. Ele estava tão preparado para não sobreviver à cirurgia que, ao se recuperar, começou a se referir à sua vida pós-operatória como uma segunda vida.

Neste momento, Matisse renovou e renasceu. Ele é citado dizendo: “Precisei de todo esse tempo para chegar ao estágio em que posso dizer o que quero dizer”. No entanto, ele não tinha mais a capacidade física de antes. Foi quando o artista criou uma nova linguagem visual elaborada com recortes de papel pintados em tons brilhantes. 

Os recortes não significaram para Matisse uma renúncia à pintura: ele os classificou como pintar com tesouras. A técnica acabou encarnando uma nova e radical forma de modernismo. Seus assistentes pintavam folhas em branco com guache de cores vivas e, seguindo as instruções do mestre, as colavam nas paredes do estúdio e do seu quarto. Matisse dedicava muitas horas a meditar sobre o jogo das combinações antes de meter a tesoura para dar forma às suas figuras. 

Apaixonado pelo potencial desse método, Matisse se esqueceu completamente do pincel, propondo inovações de estilo que alteraram o curso da arte e o tornaram uma das figuras mais influentes da arte do século XX. 

Fontes

suzyquilts.com

bahiasocialvip.com.br

theguardian.com

brasil.elpais.com

portalsaofrancisco.com.br

 
 
Mila PetryartistasComentário