Arte, moda, técnicas, estilos e muita inspiração
O 7º Festival de Estamparia traz um tema pra lá de quente pra quem ama arte e design: técnicas & estilos. Durante três dias, vamos mergulhar no vasto universo de possibilidades para a criação de estampas, explorando uma diversidade de técnicas e entendendo a importância de encontrar seu estilo.
Por falar em estilo, algo que sempre influenciou as tendências de moda foram os movimentos artísticos ao longo do tempo. Através do impacto visual – e em alguns casos, emocional – pinturas podem dar vida e inspirar a criação de roupas e estampas. A conexão entre as tendências mostradas nas passarelas e as obras de determinados artistas podem ser percebidas no trabalho de vários designers.
A estilista italiana Elsa Schiaparelli, por exemplo, sempre fugia do óbvio nas suas criações. Encantada pelo trabalho de artistas surrealistas com quem fez amizade no cenário social de Paris, ela participou de vários projetos colaborativos - inclusive com Salvador Dalí. Elsa trabalhou dentro dos padrões da alfaiataria, mas adicionou detalhes ousados às peças, como estampas, bordados, adornos ou materiais inusitados, que tornaram as suas peças únicas e revolucionárias. Nunca antes as casas de alta-costura de Paris tinham visto coleções de design futuristas elaboradas com inovação e inspiradas pelo não convencional. Elsa acreditava que a moda não podia estar desvinculada da evolução das artes plásticas contemporâneas, sobretudo da pintura.
Com o seu sucesso, Schiaparelli se tornou a maior rival de Coco Chanel. Seus estilos eram totalmente opostos: enquanto Chanel criava roupas funcionais para a mulher moderna, Elsa fazia modelos surrealistas. Schiaparelli criou o rosa-choque, cor que causava horror a Coco, mais afeita a tons sóbrios e peças discretas. Entre as histórias contadas sobre as duas, existe uma passagem em que Chanel teria ateado fogo em Elsa durante uma festa. Chanel chamava Elsa de "aquela italiana", e Schiap dizia que Coco era "uma chapeleira". Apesar de suas diferenças em estilo de vida e criações, as estilistas tinham semelhanças, como a proximidade com grandes artistas da época, o uso de perfumes como estratégia de marketing e a personalidade forte, que fez com que ambas se tornassem verdadeiros ícones.
Redemoinhos de vinhas, flores e folhas em perfeita simetria - esses padrões icônicos são a cara do artista William Morris - um dos principais fundadores do Movimento das Artes e Ofícios (Arts and Crafts).
Iniciado na Inglaterra por volta de 1880, o movimento Arts and Crafts nasceu da preocupação de um grupo de criativos da época com os efeitos da industrialização no design e no artesanato tradicional. Designers, artesãos e artistas que lideraram o movimento abriram caminho para novas abordagens na criação de artes decorativas. Dentro do Movimento, os papéis de parede criados por Morris no século XIX foram revolucionários para a época e ainda podem ser encontrados em todo o mundo, já que o artista teve uma profunda influência nas artes visuais e no desenho industrial desde os fins do século XIX até hoje.
A grife Prada, por exemplo, usou as estampas detalhadas e coloridas de Morris em duas coleções, uma de inverno e outra de verão. Apesar de usarem a mesma referência, as coleções se diferenciam muito porque aproveitaram a estação específica para puxar a inspiração pro lado dos tons escuros ou dos claros.
Não é só a Prada que resgata o passado para criar coleções pro futuro: esse movimento é base de grande parte dos processos criativos. A Dolce e Gabbana, por exemplo, já mergulhou de cabeça no barroco trazendo às passarelas verdadeiras obras de arte. A marca usou tudo que a imaginação permitiu: estampas de anjos e outras obras sacras, vestidos, blusas, bodies, túnicas, saias tudo com bordados e rebordados sem o mínimo resquício da simplicidade e discrição do minimalismo. A tendência barroca sempre ferveu no mundo da moda servindo de referência para importantes marcas como Dries Van Noten, Kenzo, Jean Paul Gaultier e Emilio Pucci. Isso sem deixar o ar romântico de lado, porque a tendência barroca é isso: brincar entre o escuro e o claro, o romântico e o moderno.
Prestando atenção na moda ao longo dos anos, podemos perceber que toda forma de arte - vanguardista ou clássica - pode fazer parte da criação de novas estampas. O nosso festival vai mostrar isso: na hora de encontrar o seu estilo, a inspiração não tem limites!
Todo esse universo de possibilidades de técnicas e estilos foi explorado no nosso 7º Festival de Estamparia, que rolou nos dias 14, 16 e 18 de junho de 2021. :)