Flávia Junqueira
Com um olhar lindo e flutuante, a artista Flávia Junqueira cria cenas perfeitamente arquitetadas com balões coloridos que dão vida nova a paisagens e locais históricos. Para chegar ao resultado que encanta o espectador, há muito estudo e elaboração por trás de cada obra.
Segundo a artista, seu objetivo é fazer com que o espectador, nem que seja por segundos, se sinta como uma criança. O uso de fotografias é constante no seu trabalho. “Eu sempre tive apreço por artistas que trabalham ou trabalhavam muito as cores, como a Leda Catunda, a Beatriz Milhazes, o Vik Muniz, Volpi. E tudo isso foi aos poucos virando a fotografia que faço”, conta Flávia.
Para a artista, o mais forte não é que as pessoas olhem e lembrem da própria infância, e sim fazer com que elas, naquele momento, mesmo que por poucos instantes, consigam se ver crianças. “Gosto de levar para o adulto a experiência infantil, o objetivo é estar criança, nem que seja por segundos”, explica a artista.
Flávia sempre escolhe primeiro o espaço que eu quero para a minha foto, nunca trabalho no fundo branco. Por exemplo, no trabalho dos teatros, a escolha inicial foi o teatro em si. “A arquitetura toda dele é antifuncional: por mais que exista o palco e a plateia, todo o resto é ornamento. Todos os teatros e palacetes que uso são patrimônios históricos. A ideia é sempre essa. Já existe um caráter histórico, uma memória, e aí parto para outro elemento, que é o da infância. Normalmente eu estudo a história, vou uma semana antes, faço a visita. Na hora da decisão, quais balões colocar, eu penso pictoricamente. Às vezes é uma questão mais visual”, conta.
Por opção da artista, cada uma dessas cenas é impressa e emoldurada apenas cinco vezes. Ela preferiu restringir a quantidade e imprimi-las em grande dimensão – 1,5 x 1,5 metros. "O que eu sei é que a foto precisa ser grande. Caso contrário, a pessoa não vai ver os detalhes", explica.
O reconhecimento de seu trabalho no universo artístico pode ser observado pela presença de suas obras no acervo de museus como o Museu de Arte Moderna de São Paulo e o Museu de Arte do Rio de Janeiro, no acervo do Palácio do Itamaraty, além de em coleções privadas.
“O espectador é o mais importante para o artista. Muitas pessoas me escrevem falando o quanto essas imagens impactam a vida delas. Tanto pelo balão ser esse elemento que remete à felicidade quanto pelos espaços arquitetônicos que são tão especiais na memória das pessoas. É muito legal ver que cada uma delas tem a sua história”.