Dulce Nascimento
Transportar os olhos pela beleza rara das plantas, nos mínimos detalhes, despertando a sensibilidade para o conhecimento botânico da flora brasileira - uma das mais importantes biodiversidades do planeta. Esta é a proposta do trabalho de Dulce Nascimento, artista plástica e paisagista que optou pela ilustração botânica e desenvolve no Brasil o importante trabalho de difundir a técnica de aquarela botânica.
Formada em Composição Paisagística pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, exerceu a profissão de paisagista por alguns anos quando optou por se dedicar exclusivamente à ilustração científica. Dulce Nascimento teve como mestra a respeitada ilustradora botânica Maria Werneck de Castro. Em parceria com Maria, entre outros trabalhos, pintou o famoso mico leão dourado. Fez especialização em Londres através de uma bolsa que ganhou na Fundação Botânica Margaret Mee e do Margaret Mee Amazon Trust.
Em uma vasta trajetória expôs a sua primeira aquarela, um ipê-rosa, em 81, na Fundação de Engenharia do Meio Ambiente do Rio. Tem trabalhos no Palácio de Buckingham, na Inglaterra, no Palácio Real de Madri, na Espanha, e Palácio Real de Oslo, na Noruega – todos encomendados como presentes do governo brasileiro às famílias reais desses países. Suas pinturas também se tornaram selos em homenagem a brasileiros imortais como Tom Jobim e Ruth Cardoso.
Desde 1998, a artista coordena uma expedição anual pelo Rio Negro, na Amazônia, em 10 dias de viagem de barco, aonde orienta ilustradores – experientes ou não e de todas as partes do mundo – no desenho de natureza em condições adversas da floresta, além de procedimentos de campo.
Com suas aulas, Dulce desperta vocações quando abre a possibilidade de ensinar de forma simples a técnica da aquarela. Assim forma uma nova geração de pintores naturalistas que deixarão registradas espécies por todos os cantos do Brasil. Em um contexto de desmatamento, em que 472 espécies botânicas estão em perigo, segundo o relatório do Ministério do Meio Ambiente, esses profissionais são essenciais, pois muitas espécies poderiam desaparecer sem nunca terem sido registradas.
Ao dar aulas, Dulce concilia algumas missões: sensibilizar pessoas para a questão ambiental, tirar espécies nativas do anonimato e despertar vocações, revelando ao mundo potenciais talentos da ilustração botânica.