A bienal mais antiga da história
Em todos os cantos do planeta, o mundo da arte volta a respirar. Neste momento, na Itália, berço de incontáveis artistas ilustres, a Bienal de Veneza está de portas abertas! A cada dois anos, habitantes dos quatro cantos do mundo se reúnem na cidade para uma exposição magnífica que acontece desde 1895.
A cada edição, milhares de pessoas passam pelos portões do evento, prêmios são concedidos e novas estrelas são colocadas no cosmos da arte mundial. A Bienal de Veneza é sem dúvida uma das exposições mais prestigiosas do mundo. Ao invés de ser apenas um grande show, é um festival selvagem e livre composto de vários elementos - uma miscelânea capaz de satisfazer o apetite dos mais exigentes amantes da arte.
Como funciona
A Bienal de Veneza é composta por três partes: a primeira é uma exposição central organizada por um diretor artístico em pavilhões montados em jardins públicos e em antigos estaleiros da cidade; a segunda é formada por mostras de dezenas de países, cada um oferecendo o trabalho de um ou mais artistas; a terceira oferece apresentações feitas de forma independente marcadas pela Bienal como eventos colaterais oficiais.
Há outras exposições e ações que coincidem com a Bienal, mas não são afiliadas a ela. Algumas são shows feitos por artistas de todo tipo, na esperança de mostrar seus talentos ao mundo. Outras são exposições mais bem estruturadas nos museus e fundações da cidade, às vezes organizadas com o auxílio de galerias comerciais que querem marcar presença na cidade durante o grande evento. Além disso, há performances, painéis, jantares e festas diversas – tudo junto fazendo o mundo da arte vibrar. Simplesmente o máximo!
Bienal de Veneza 2022
A edição deste ano começou no dia 23 de abril e vai até 27 de novembro. Com o tema Il latte dei sogni (O leite dos sonhos), a 59ª edição do evento é baseada no título de um livro onde é descrito um mundo mágico em que a vida é constantemente reformulada.
Neste ano, a Bienal de Veneza recebe mais de 210 artistas de 59 países, para exibir obras e instalações que promovem arte, ciência e pesquisa. A mostra aborda em particular a turbulência dos últimos anos ao redor do mundo, perguntando como a arte pode nos ajudar a imaginar novos modos de vida e novas concepções.
De acordo com a curadora desta edição, a italiana Cecilia Alemani, na longa história da Bienal de Veneza, houve a maioria de representantes masculinos. Nessa edição é diferente: 80% das obras são de mulheres feministas e sem fama, como indígenas, nativas, pretas e ciganas, além da participação de pessoas não-binárias.
Tecnologia, arte e encantamento
Entre centenas de trabalhos incríveis expostos na edição deste ano da Bienal, o estúdio holandês Drift está apresentando o espetáculo Social Sacrifice. A obra é inspirada na inteligência coletiva de cardumes de peixes quando enfrentam um predador. Com o uso de drones (esses pontinhos luminosos que se movem), o objetivo é mostrar como um comportamento adaptativo leva à solução de problemas em circunstâncias incertas. Para os criadores, esses insights da natureza oferecem pistas sobre como podemos encarar os inúmeros desafios que enfrentamos atualmente. Encantador!
Nós lá fora
Expressões populares no Brasil como ‘nó na garganta’, ‘cara de pau’, ‘das tripas coração’, entre outras, são a inspiração da instalação inédita “Com o coração saindo pela boca”, do brasileiro Jonathas de Andrade, criada especialmente para a Bienal de Veneza. O alagoano é considerado um dos artistas nacionais mais representativos de sua geração. A exposição é composta por impressões fotográficas, esculturas (algumas interativas) e um vídeo, e tem entre suas referências as feiras de ciência que o Jonathas conheceu quando criança.
“Com esta exposição, reforçamos nossa missão de fomentar a arte brasileira e levar o que há de mais pulsante da produção artística de nosso país para os diversos cantos do mundo”, afirmou em uma entrevista o presidente da Fundação Bienal de São Paulo, José Olympio da Veiga Pereira.
A participação de brasileiros para a mostra italiana é a maior em muitos anos. Além de Jonathas, cinco outros artistas daqui foram selecionados: Lenora de Barros, Luiz Roque, Rosana Paulino, Solange Pessoa e o artista indígena Jaider Esbell, morto no final do ano passado.
Arte inspira arte
Aqui, na constelação da estamparia, acreditamos que é de extrema importância artistas e designers estarem ligados no que acontece no mundo das artes. Os diferentes tipos de criação conversam entre si e conhecê-los faz as nossas produções ficarem mais ricas e interdisciplinares. Inspiração nunca é demais!